Degustando o olhar de Babaçu

Degustando o olhar de Babaçu

Na ultima sexta-feira visitei a exposição de Vanusa Babaçu intitulada “Os negros que meus olhos veem”, conveniente ao contexto da Semana da Consciência Negra. Por meio de suas fotos pude me vestir do olhar aguçado e poético que retratava a beleza dos negros maranhenses.

A fotógrafa e educadora popular não registrou simplesmente a cor da pele dessas pessoas, mas a cor da alma. No cotidiano humilde mostrou a riqueza de suas vidas, no trabalho árduo o valor do suor, na brincadeira inocente de uma criança a grandeza de um ser humano.

Tão grande sinceridade transmitida pelas fotos me fez sentir o que aquelas pessoas fotografadas sentiam. Todos que viam a vida em foto degustavam o sabor de uma realidade que não era nua, era vestida de preto e crua.

A mostra de Babaçu revelou pessoas que quase sempre são ignoradas pela sociedade, muitas que vivem em estado de pobreza extrema. Esse trabalho nobre e sem fins lucrativos foi construído por meio de um grande esforço que nem sempre é reconhecido. Para capturar as fotos, Vanusa teve que enfrentar longas viagens, andar de girico e caminhar sob sol e chuva em zonas rurais.

Toda essa história que envolve a exposição a torna mais bela. O olhar de Vanusa Babaçu sobre os negros sem dúvida é singular. Em suas fotografias é possível ver a negritude pura e linda, especialmente em uma de suas poucas fotos coloridas, que num cenário a luz do pôr-do-sol mostra os tons pretos e dourados da pele morena de quem se orgulha em ser negra.